quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Faltou Liderança na Boate

Numa entrada e saída de 4 metros de largura, 7 pessoas conseguem sair por vez, ao ritmo de 21 pessoas por segundo, lentamente. 
Em sessenta segundos são 21x60, 1260 pessoas por minuto.
Portanto, não foram as 260 pessoas a mais a causa do desastre. Mesmo diminuindo pela metade, em dois minutos sairia todo mundo.
Faça o teste você mesmo. Cronometre quanto tempo você leva para andar 80 metros.
Tanto é que os 5 membros da Banda, os que estavam mais longe da porta, saíram tranquilos, na base do "com licença, com licença", que é muito, mais muito mais demorado.
O que faltou foi liderança e responsabilidade social. E o líder natural naquele momento era o chefe da banda, único com o microfone e de posse de um meio de comunicação.
Ele tinha o poder de avisar a todos para ficarem calmos e saírem lentamente. "Atenção pessoal, todos levantem as mãos para cima assim, e virem de costas para mim. Repito. 
Agora vão saindo lentamente porque temos um probleminha, e precisamos de espaço para resolvê-lo.
Todos de costas para mim com mãos levantadas, os da frente saindo primeiro. Temos bastante tempo para sair deste local."
Levantar as mãos reduz a possibilidade do empurra-empurra e o uso de força.
Mas nenhum jornal sequer comentou a falta de capacidade de liderança, por não saberem o básico da matéria.
Líder é o que tem em seu poder os meios de comunicação, mesmo que não o seja.
O chefe da Banda e os demais integrantes agiram como capitães que abandonam os seus barcos em primeiro lugar. 
E muitos morreram porque não sabiam do problema, quem sabia ficou mudo e saiu de mansinho.
"Eu só percebi o que estava ocorrendo 5 minutos depois que a música parou, e falei ué, algo está acontecendo?"
5 minutos muito preciosos, e todos os jovens ficaram parados, por falta dos líderes do momento. 
Pior, o guitarista voltou na contramão para buscar a guitarra, atrapalhando uns 200 que queriam sair.
Mas a manchete do Estadão foi Donos da Boate foram presos, omitindo que dois integrantes da banda, também o foram, que seria o óbvio.
Novamente, a imprensa solta seu vitriol sobre a ganância, o fato de os seguranças tentarem exigir pagamento dos primeiros que saíram voando, que o extintor não funcionava, (nem poderia pois o fogo era no teto, e quem o usou, o vocalista, não sabia como usar), que não havia alvará, (foi pedido mas a burocracia demora).
São os "Donos" sempre os culpados, e nunca quem realmente causou o problema, e como goleiros, os donos deveriam ter evitado o erro dos outros.
Honestamente, eu nem teria pensado em colocar no Contrato de Locação, "proibido soltar fogos de artifício no salão, jogar ácido nos olhos dos presentes, dar tiros na plateia" , e assim por diante.
Soltar "fogos" de artifício dentro de um salão faz parte do bom senso.
O Ministério da Saúde recomenda "não estourar foguetes próximos às residências e sempre usar um equipamento de proteção, como cabos com mais de cinco metros de comprimento".
Nem passa pela cabeça do próprio governo que alguém soltaria fogos ao lado de 1200 pessoas, em ambiente fechado.
Novamente culpam os "donos", e não quem por imprudência colocou fogos para aparecer, em vez de cantar bem para aparecer, que deveria ser sempre o objetivo principal.

*Fonte:  http://blog.kanitz.com.br/

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