quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Infectologista alerta para incidência DE Aids na população acima de 50 anos

O prolongamento da vida sexual do brasileiro, facilitado pelo uso de comprimidos estimulantes sexuais, tem aumentado a incidência de Aids na população acima dos 50 anos. O alerta é do médico infectologista Alfredo Passalácqua, reforçando a necessidade do uso do preservativo, independentemente da idade, como forma de prevenir a doença.

Apesar dos avanços de tratamento dos últimos anos, Passalácqua adverte que a Aids continua doença perigosa, até porque não tem cura. Segundo ele, aproximadamente 380 pessoas recebem tratamento no Hospital Rafael Fernandes, em Mossoró, referência regional no atendimento de doenças infectocontagiosas, como é o caso da Aids.

A prova que a Aids está longe de ser vencida é que a expectativa é de que o número de casos diagnosticado este ano supere o de 2010. "Os números ainda estão sendo fechados, os dados de novembro ainda estão sendo tabulados e ainda faltam os de dezembro. Mas o total pode, sim, superar o do ano passado", prevê o infectologista.

"A Aids está crescendo não somente entre mulheres e a população jovem, mas também entre a população de mais idade, justamente por causa de hoje ser possível ter uma vida sexual mais longeva", diz o especialista, lamentando que essa faixa etária é até mais resistente ao uso do preservativo no ato sexual do que os jovens, em média mais conscientes.

O teste de HIV deve ser feito por qualquer pessoa que tenha tido relação sexual não-segura e, segundo ele, coisa de 1% a 2% dos testes são positivos em Mossoró. "Não se deve ter medo, pois hoje o soropositivo tem uma sobrevida de uma pessoa comum", esclarece o infectologista, atribuindo esse avanço à boa oferta do coquetel de medicamentos no Brasil.
Segundo ele, há 30 anos nada poderia ser feito ao paciente que tivesse sido diagnosticado portador do vírus HIV. A sobrevida desses pacientes era de aproximadamente dois anos, pois não existia medicamento adequado na época. Em 1986, surge o primeiro medicamento aprovado para uso em pacientes soropositivos, o antirretroviral AZT.

Mas, somente em 1995, é que o tratamento contra a Aids ganha um aliado imprescindível, o coquetel. A associação de medicamentos foi o grande divisor de águas no tratamento. Segundo o médico, o coquetel é uma medicação altamente potente, que aumentou significativamente a expectativa de vida dos pacientes.

Com o passar dos anos, o coquetel foi evoluindo e atualmente apenas três drogas fazem parte de sua composição. Mas o preconceito ainda é uma das principais dificuldades enfrentadas pelos pacientes, o que leva muitos a se tratarem em outras cidades, levando as estatísticas a de certa forma não refletir com fidelidade a situação da Aids em Mossoró.

PROGRAMAÇÃO

No Dia Mundial de Combate à Aids, hoje, as atividades alusivas à data no Hospital Rafael Fernandes começam às 8h, com palestras sobre a importância de cuidados com a saúde nas relações sexuais. Em seguida, após café da manhã, acontecerá rodada de conversas com pacientes, visitantes e cuidadores, recreações e música.

Também está acontecendo uma campanha regional, abrangendo os 27 municípios que fazem parte da 2ª Unidade Regional de Saúde Pública (Ursap). É a Campanha do Laço Vermelho 2011, idealizado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids. A campanha deste ano que começou segunda-feira é focada no preconceito contra homossexuais jovens.

*Jornal O Mossoroense

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