segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Agrotóxicos: venda sem controle


Lojas especializadas na venda de agrotóxicos comercializam o produto sem receituário agronômico e sem nota fiscal, desobedecendo a legislação, constataram repórteres do jornal O Globo (3/6), que compraram herbicidas e fungicidas de média e alta toxicidade em quatro lojas do Rio de Janeiro e comprovaram a venda sem controle. O procedimento abre caminho para o uso indiscriminado dos produtos nas plantações. De acordo com a legislação, a aquisição de defensivo agrícola deve ser precedida da visita de agrônomo à propriedade para verificação da necessidade de se aplicar ou não o produto e, sendo o caso, definição do mais adequado.

Os comerciantes alegam que a lei inviabiliza a venda, já que o pequeno agricultor não tem como pagar por consultoria profissional, e o governo não consegue atender à demanda do atendimento, diz a reportagem, que fez parte de uma série sobre o assunto — Veneno em doses diárias. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), responsável pela fiscalização desse comércio, informou que pretende melhorar a fiscalização com a informatização de seu sistema de controle de venda, hoje registrada em talonários por escrito.

O comércio ilegal é alimentado também por vendedores de outros estados que entregam produtos diretamente nas propriedades rurais. Segundo o último Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), da Anvisa, publicado em 2011 (Radis 113), quase um terço dos vegetais mais consumidos pelos brasileiros apresentam níveis inaceitáveis do produto. A Anvisa vai mudar o Para, a partir de 2013, informou O Globo, passando a punir aqueles que comercializarem alimentos com resíduos tóxicos acima do permitido.

Em outra reportagem da série, o jornal havia mostrado que os índices de suicídio e mortes por câncer são mais altos em regiões agrícolas e estariam ligados ao mau uso dos agrotóxicos, provocado por falta de orientação ao pequeno agricultor. O uso indiscriminado do produto resulta, ainda, no aumento do número de embalagens descartadas sem controle e que deveriam ser recolhidas pelos próprios fabricantes.

*Fonte: Revista RADIS

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