quarta-feira, 10 de junho de 2015

Artigo - O delicado caso dos ambulantes

No último dia 26, o Centro de Mossoró presenciou uma cena atípica. Centenas de policiais nas ruas para retirar pais e mais de famílias que há décadas vendem seus produtos em barracas para de lá tirarem seu sustento.  O maior problema era que a Prefeitura de Mossoró pretendia realocá-los para espaços de 1m², sem a mínima estrutura. Após protestos, manifestações e apelos, o bom senso prevaleceu. O judiciário concedeu um prazo de 60 dias para que as calçadas do centro fossem desocupadas.

Embora o prazo tenha sido estendido, o problema ainda está aí e precisa de uma solução. E até o momento, pouco se tem feito para encontrar um local adequado para que os ambulantes possam trabalhar dignamente. O prazo dado pela Justiça encerra em julho e é preciso agir para que as cenas presenciadas no mês passado se repitam.

Como externamos inúmeras vezes, somos favoráveis a retirada dos ambulantes das calçadas. Todavia, criticamos a forma como o processo foi feito. Faltou sensibilidade do poder público quanto à situação das centenas de famílias que têm do comércio ambulante o seu único ganha pão. O espaço proposto pela prefeitura não tinha a menor estrutura para abrigá-los. Sem água, sem energia, sem proteção solar. A área sequer tinha laudo do Corpo de Bombeiros e da Covisa.

Esse é um problema que se arrasta há anos e que precisa de uma solução adequada, que não venha prejudicar os trabalhadores.

Há anos vimos acompanhando essa problemática dos ambulantes, participando de reuniões e debates a fim de encontrar uma solução para a questão. Propomos alguns lugares para abrigá-los como o Aceu. Inclusive, chegamos a conversar com o reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), Pedro Fernandes, e o então pró-reitor de Planejamento, Wogelsanger Oliveira, sobre a possibilidade, mas a Universidade já tinha um projeto para a área, o que inviabilizou a proposta.

Também propomos que os ambulantes fossem realocados para o prolongamento da avenida Rio Branco, próximo à Praça dos Esportes. Ainda tem a sugestão, feita pelos próprios ambulantes, de que eles sejam remanejados para a praça Carlos Alberto de Souza, em frente ao Clube Carcará. As opções existem, basta vontade do gestor público municipal para buscar viabilizá-las.

Apesar do local para trabalharem ser o problema prioritário a ser resolvido no caso dos ambulantes, é preciso observar alguns outros pontos para oferecer melhorias para a classe. É importante a adoção de políticas públicas para torná-los microempreendedores, com capacitação em área de empreendedorismo, administração, para que eles possam prosperar em seus pequenos negócios.

Com o incentivo a formalização, além de dar dignidade aos ambulantes, com a possibilidade de conseguirem crédito bancários, a Prefeitura trará benefícios para o município. Pois, uma vez formalizados, os ambulantes passarão a contribuir com imposto, ajudando no desenvolvimento de nossa cidade. 

Genivan Vale


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