DESABAFO DE UM CONCURSEIRO

A administração pública, desculpas após desculpas vem adiando o início do curso de formação dos aprovados no concurso da Guarda Civil Municipal. Assim, a divulgação do desabafo de um dos aprovados no concurso torna-se extremamente importante para que esse possa chegar ao conhecimento dos verdadeiros responsáveis por tal descaso.

DESABAFO DE UM CONCURSEIRO

À espera de um curso de formação (da Guarda Civil de Mossoró) que não tem data certa para começar pela falta de embasamento legal, para impor um período razoável de duração das fases de um concurso, é uma das piores situações que já passei em minha vida.

A angústia de renovar minhas esperanças a cada segunda-feira e vê-la subitamente destruída às sextas-feiras (dia habitual que sai o Jornal Oficial de Mossoró), é algo digno de Brasileiro, não desistir nunca. Mas quem disse que o brasileiro não sofre?

Eu e outros 99 vivemos isso há mais de 365 dias e, pasmem, nunca pensei que iria poder contar a quantidade de decepções proveniente de um único motivo.

Foram até agora, 52 (cinqüenta e duas) decepções, a quantidade de semanas do transcurso de 01 (um) ano. Isso fere, e usar a palavra fere é até simplista, ou melhor, ESPANCA um direito constitucional que está protegido também pela sua importância, nos Direitos Universais do Homem, a Dignidade da Pessoa Humana.

Ferem minha dignidade a cada dia sem resposta, a cada promessa falsa - que nesse ano de espera foram muitas -, a cada chá de cadeira que nos dão, a cada resposta que temos que dar aos familiares e amigos, e o pior é que não temos nenhuma...

Acredito que estou passando até por mentiroso, já que informei a todos que passei e eles não me vêem sendo chamado. As desculpas foram muitas, faltava uma verba federal, a mesma chegou desde 20 de setembro, faltava os 100 apresentarem as documentações, isso já foi feito. Hoje acredito que falta só uma coisa, VONTADE. Esse era pra ser o requisito mais simples de se conseguir, mas parece que para a Administração Pública, ele é o mais difícil de achar.

Vivo no aguardo diário desse chamado que nunca vem e, como dizia uma frase que vi na internet, a expectativa tem uma ligação intrínseca com a frustração. Daí, encontrei o motivo, ou pelo menos uma explicação razoável para tantos servidores públicos serem relaxados em seus serviços. O Estado, e falo de modo geral, o ente estatal, seja União, Estado, Município, primeiro massacra o predisponente até entrar no serviço público, depois lhe dá a garantia da estabilidade e más condições de serviço. É praticamente a fórmula de um explosivo.

Depois dessa mistura, exigir que um ser humano sirva, doe-se pela coletividade, com a garantia de que não pode ser deposto sem um motivo extraordinário, é o mesmo que esperar pela santificação do mesmo.

Falei que fui massacrado, mas não expliquei como.

Eu, caro leitor, concorri com mais de 4 mil pessoas, tive que ficar a frente delas nessa competição e sair vencedor. Tive que fazer 30 abdominais e correr 1.800 metros em 12 minutos, escrever aqui é fácil, correr sem ser em competição até parece. Mas lá, colocando um concurso público em jogo, você sente dor até na unha do pé.

Depois dessas duas fases, ainda fui avaliado psicologicamente, uma avaliação deveras subjetiva e que a única certeza que você tem é que pode ser taxado de incapaz sem ser.

Após esses testes, onde deveria vir à glória da conquista e o início do Curso de Formação (que ainda faz parte da fase eliminatória), só veio expectativa e frustração.

Poderia ser mais extenso e detalhar tudo que já ocorreu de degradante a minha dignidade nesse entremeio, mas viraria um livro e histórias tristes não vendem, portanto, para encerrar esse desabafo, só me resta um pedido, este direcionado para a Prefeitura Municipal de Mossoró: Conceda-me o direito que adquirir, deixe-me trabalhar, ou melhor, SERVIR.

*Via e-mail