segunda-feira, 9 de julho de 2012

Adolescentes representam 23% das grávidas que fazem trabalho de pré-natal em Mossoró


No Brasil é crescente o número de adolescentes grávidas, isto é, pessoas na faixa etária dos 10 aos 21 anos. Em Mossoró, a quantidade de adolescentes grávidas têm se mantido estável. Para se ter uma ideia, nos últimos três anos ela gira em torno de 23%, representando assim 314 jovens apenas no município. O que preocupa no momento as autoridades é a redução da faixa etária dessas gestantes, que varia entre 10 e 19 anos.
Segundo dados fornecidos pela Atenção Básica à Saúde de Mossoró, das 1.362 gestantes cadastradas na rede de saúde pública da cidade 19 delas estão na faixa etária dos 10 aos 14 anos, e 295 entre os 15 e 19 anos. "O que podemos perceber com esses dados é que as mulheres estão começando a ter uma vida sexual ativa mais cedo. Antes eram registrados cerca de 5 a 6 casos no município de jovens grávidas na idade dos 10 a 14 anos, atualmente 19 foram registrados", disse a coordenadora de Saúde da Mulher, Vandja Lima.
Ainda de acordo com as informações passadas pela coordenadora, os índices de gravidez são maiores em áreas localizadas na zona norte da cidade, nos bairros Santa Helena, Barrocas, Santo Antônio e Estrada da Raiz.
Vandja Lima explicou que um dos principais motivadores da gravidez nessa faixa etária é a falta de procura por ajuda. "O que mais se presencia nos postos de saúde é a ausência de jovens buscando tirar dúvidas sobre sexo. Eles só aparecem nas unidades de saúde quando contraem alguma doença sexualmente transmissível ou em casos de gravidez".
A enfermeira Niusenir Jales disse que a Unidade Básica de Saúde Sinarinha Borges, situada no bairro Barrocas, atende anualmente 36 jovens mães. "A faixa etária das adolescentes atendidas varia dos 15 aos 17 anos. O que se percebe durante a realização dos pré-natais é que essas mães não engravidaram por acaso, motivadas pela falta de informação. Ao contrário disso, elas desejaram a gestação", esclareceu a enfermeira.
É o que confirma a adolescente Priscila Carla, que engravidou aos 17 anos. "Minha gravidez não ocorreu por falta de informação, pois o que mais os jovens têm hoje em dia é acesso ao conhecimento, seja através de livros, revista ou até mesmo pela internet. O que ocasionou minha gestação foi a falta de preservativo".
Outro fator apontado pela grande incidência de gravidez durante a adolescência é o contexto familiar. Jovens que iniciam a vida sexual precocemente e engravidam, na maioria das vezes tem o mesmo histórico dos pais. A liberdade sexual, o hábito de "ficar" em encontros eventuais e a não-utilização de métodos contraceptivos fazem com que a cada dia a atividade sexual infantil e juvenil cresça.
Engravidar traz diversas responsabilidades e dificuldades para os pais da criança. A gravidez quando ocorre durante a adolescência traz ainda mais dificuldades para o casal, pois na maioria dos casos esse tipo de gestação não é planejada, tampouco desejada, e acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade emocional e financeira.

De acordo com profissionais da área da saúde, a gravidez durante a adolescência traz diversas mudanças para a vida dos jovens, sejam elas de cunho físico, social ou psicológio.
No âmbito físico, os primeiros problemas podem aparecer ainda no início da gravidez, incluindo situações de aborto espontâneo, ocasionadas por desinformação e ausência de acompanhamento médico, gerado muitas vezes pelo medo em revelar aos pais a gestação. Essa atitude pode trazer risco de morte, tanto para a mãe quanto para o recém-nascido.
Segundo a coordenadora de saúde da mulher, Vandja Lima, não há como saber o número de abortos realizados pelas jovens mossoroenses. "Tentamos obter esses dados para podermos analisar se eles acontecem com frequência em nossa região e quais seriam as formas de se combater essa prática tão arriscada, porém os abortos registrados no município, seja por causas naturais ou provocados, não contém a idade das mulheres".
No âmbito social, um dos grande problemas enfrentados pelos jovens é a evasão escolar. "Muitas adolescentes, quando engravidam, abandonam a escola para cuidar dos filhos. Já os pais da criança também abandonam os estudos para poder ser dedicar a um emprego para sustentar a nova família", explicou Vandja Lima.
Como apontam os psicólogos, normalmente os adolescentes passam por grandes questões como a aceitação por parte do grupo de amigos, dúvidas sobre a carreira profissional a ser seguida, bem como preocupações em relação às mudanças físicas. Casos de gravidez durante esse período podem então alavancar problemas como depressão, déficit de autoestima, isolamento social, entre outros.
Para diminuir a incidência de gravidez nessa faixa etária e muitas das dificuldades que surgem durante esse período, a equipe de Atenção Básica à Saúde vem realizando um programa de educação sexual nas escolas da rede pública de ensino.
"A gente sabe que os jovens recebem grande número de informações, mas é importante reforçar quais são os perigos no uso de drogas, quais são as Doenças Sexualmente Transmissíveis e como são as formas de contágio, bem como o alerta para utilização de meios contraceptivos durante as relações sexuais. Além disso, muitas informações recebidas pelos jovens contêm falhas e precisam ser esclarecidas", esclareceu Vandja Lima.


*Jornal O Mossoroense

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