sexta-feira, 1 de março de 2013

O Legislativo que queremos ter



Muito se tem dito sobre a última colocação que o Poder Legislativo ocupa no ranking de confiança da população brasileira em diversas pesquisas já feitas. De fato, não há como negar que o Legislativo enfrenta uma gravíssima crise de credibilidade com a opinião pública.

Em defesa do Legislativo brasileiro, é preciso esclarecer que se trata de uma crise de credibilidade da política como um todo e em nível mundial. Não é um problema isolado do Brasil; em todos os países do mundo, as instituições políticas são alvo de pesadas críticas.

Há, porém, uma grande desinformação com relação ao Legislativo. Primeiramente, há uma grande confusão entre as atribuições dos Poderes Legislativo e Executivo. Muitos confundem as duas esferas de poder, como se ambos fossem governo e, com isso, cria-se uma expectativa exagerada da atuação do Parlamento, canalizando para ele demandas que deveriam ser dirigidas às outras esferas de poder.

O Legislativo é uma instituição em permanente atualização, sendo muito rápido em responder, no limite das competências dele, às pressões sociais. É o órgão público mais transparente, mais vigiado e também o mais criticado — com críticas nem sempre justas e às vezes até cruéis.

Mas, se o Legislativo é o órgão mais criticado, é também muito querido: a população sabe o quanto ele é necessário, pois é quem materializa a democracia na nossa sociedade. E a manutenção da democracia é anseio indiscutível do povo brasileiro. A população nem sequer cogita discutir a possibilidade de abrir mão da liberdade, do direito de reivindicar direitos, de expressar livremente opiniões e pontos de vista — o que é impossível sem o Parlamento.

E se existe uma confusão sobre o alcance da atuação do Parlamento, há que se admitir que o Poder Legislativo encontra-se muito longe do que desejamos ter na nossa sociedade.

A grande questão que se coloca é: o que fazer para alcançar esse Legislativo que queremos ter?
O resgate da credibilidade só vai ser alcançado se todos os que formam o Poder Legislativo se engajarem verdadeiramente em ações que visem a tal objetivo.

Os servidores institucionais, efetivos ou comissionados, não obstante trabalharem tão próximos dos políticos, precisam entender que são servidores públicos da instituição, ou seja, de toda a sociedade, e não servidores à disposição de um projeto político.

Os funcionários nomeados pelos parlamentares, sim, são servidores de confiança deles e devem dedicar-se ao respectivo projeto político.
E os parlamentares? O que devem fazer os membros do Legislativo para que seja resgatada a credibilidade deste Poder?

Na opinião do professor Luiz Barco, catedrático da USP e da Unicamp, os parlamentares devem, sobretudo, acreditar nas próprias promessas de campanha, pautando a atuação na lealdade às propostas que foram apresentadas e que convenceram os eleitores a darem um voto de confiança elegendo-os para compor a próxima legislatura.

Não se pode esperar que os parlamentares sejam super-homens, diz o professor, mas é legítimo que a sociedade queira encontrar na atuação deles os mesmos princípios básicos que devem nortear a vida de todos, tais como tolerância, amor ao próximo, ética, respeito e que atuem na construção da cidadania.

Queremos um Legislativo forte — moderno e integrado — em perfeita sintonia com os anseios da sociedade, que não esteja colocado entre as últimas instituições no quesito credibilidade.

Agora é a hora dos que compõem o Legislativo atuarem juntos para que a legislatura 2013—2016 seja um marco na história deste Poder, representando uma guinada na tendência de baixa credibilidade, fazendo a população perceber a importância dele para o desenvolvimento político, econômico, cultural e social do país.

*Revista Interlegis

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