segunda-feira, 22 de abril de 2013

Projetos votados às pressas na CMM estão relacionados a R$ 1,4 milhão na folha


A bancada governista, sob protestos da oposição, aprovou a toque de caixa cinco projetos de lei que tratam da criação de 258 cargos comissionados sem ao menos se dar conta dos impactos financeiros desta decisão.

A reportagem do O Mossoroense fez um minucioso levantamento mostrando os efeitos desta decisão tomada pela maioria governista num espaço de menos de 24 horas de tramitação.

Os 258 cargos aprovados vão gerar uma despesa de R$ 312.200,00 na folha de pagamento. Ainda foi aprovado um reajuste, cujo projeto não especifica os percentuais, que faz com que a Prefeitura de Mossoró gaste R$ 1.091.120,00 (um milhão, noventa e um mil e cento e vinte reais), apenas com cargos comissionados do Programa Saúde da Familia (PSV). Os dados mostram que sem receber qualquer explicação a Câmara Municipal tratou esta semana de R$ 1.403.320 (um milhão, quatrocentos e três mil e trezentos e vinte reais) sem ao menos discutir.

Tudo isso num momento em que servidores concursados lutam por melhores condições salariais. Agentes de trânsito estão lutando para não perder uma gratificação, guardas municipais estão prestes a decretar uma greve, os professores não tiveram o reajuste salarial retroativo a janeiro como determina a Lei do Piso Nacional da Educação, além de perdas salariais de 4,76% que deixam Mossoró pagando abaixo do que prevê a lei federal. Por conta disso e do descumprimento do plano de cargos e a jornada estão sendo descumpridos está sendo marcada para os dias 23, 24 e 25 próximos uma paralisação de advertência. "A incoerência da prefeita começa a parecer. Em janeiro, ela disse na frente de um promotor que estava com dificuldade de fechar a folha de pagamento e que por isso não tinha condições de pagar o retroativo em janeiro. Quer dizer que essa dificuldade é só para o efetivo?", questiona Marilda Souza, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (Sindiserpum).

Dos cargos comissionados aprovados pela bancada governista, a maioria (127) são no valor de R$ 1.150 para os chefes de setor. O segundo maior volume de cargos criados é de diretor executivo que dá um rendimento mensal de R$ 1.950. Serão 56 vagas.

A secretaria que tem o maior número de cargos é a de Desenvolvimento Social e Juventude com 81 cargos e uma folha de pagamento mensal de R$ 107.350 só com comissionados.

Consultor-geral do município diz que cargos já existiam e são necessários

O consultor-geral do município Olavo Hamilton explicou que a maioria dos cargos aprovados pela Câmara Municipal já existia. Ele disse que todos eram necessários para o andamento da Prefeitura de Mossoró.

Ele também negou que os projetos que regulamentavam os cargos não significa que haja irregularidades. "Apenas mudamos a proposta de trabalho", frisou.

O consultor disse ainda que alguns cargos não tinham pessoas nomeadas e em outros haverá exonerações seguidas de nomeações. "A Falconi orientou a mudança por etapas. Nesses primeiros três meses estamos mudando os setores e departamentos", explicou.

Segundo Olavo Hamilton, dos 258 cargos apenas 14 receberam reajustes e apenas dois foram criados: um na Secretaria Municipal de Cultura e outro na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. "Eu lhe arrisco a dizer que na maioria dos casos estamos trocando seis por meia dúzia", garantiu.

No entanto, em outro momento da conversa, Olavo afirmou que também estavam sendo criados os cargos de contador-geral e tesoureiro-geral da Comissão de Licitação. "Antes a gente pegava um cargo comissionado e colocava como presidente. Nós regulamentamos tudo. Agora teremos servidores de carreira na comissão com um acréscimo de salário compatível com a função", explicou.

Questionado sobre as diferenças salariais entre um diretor geral de cultura que é de R$ 4 mil e o salário de um diretor de Unidade Básica de Saúde que no máximo chega a R$ 2.500, Olavo evitou tecer comentários. "Não sei dizer se é uma distorção", acrescentou.

Olavo disse ainda que haverá novas regulamentações. Só que por decreto. "Porque são mais simples", justifica.

Secretarias tem cargos em comissão que se repetem

O que chama atenção é a repetição de cargos. Um exemplo é a Subsecretaria de Desenvolvimento Rural. Por lá há o chefe do Departamento de Piscicultura e Apicultura que se subdivide em outros dois setores comandados pelo chefe do setor de apicultura e piscicultura.

O subsecretário de Agricultura Betinho Segundo explicou que os cargos citados pela reportagem ainda estão em aberto. Num primeiro momento ele afirmou desconhecer os cargos citados no começo da matéria. Depois disse que a Falconi (empresa de consultoria contratada para fazer uma reforma administrativa da Prefeitura de Mossoró) quem orientou que o Departamento de Apicultura e Piscicultura fosse dividido em dois setores.

Na Subsecretaria do Trabalho, Turismo, Indústria e Comércio há o diretor de indústria, comércio e turismo e o chefe do departamento de indústria e comércio. Isso sem contar o chefe do departamento de turismo que comanda o chefe do setor de apoio ao turismo que tem a companhia do chefe do setor de promoção e eventosturísticos. O subsecretário Segundo Paula disse que não conhece o teor do texto enviado à Câmara Municipal, mas que tinha apenas três diretores na pasta. "Eu ainda não vi como é que ficou a reforma, mas estamos precisando de mais gente porque temos várias ações", explicou. Segundo indicou que a reportagem procurasse a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Izabel Montenegro. "Foi a secretária quem acompanhou as mudanças. Eu não tive muito acesso", explicou.

A reportagem não localizou Izabel Montengro que estava com o celular desligado no momento do contato. Conforme o texto enviado, a Subsecretaria de Trabalho, Turismo, Indústria e Comércio passará a contar 36 cargos comissionados.

Além de todos esses cargos relacionados ao turismo nesta Subsecretaria, na Secretaria Municipal de Cultura ainda tem o chefe do Departamento de Programação Turística.

Na cultura ainda tem o chefe do Departamento de Difusão Cultural e o Chefe do Setor de Políticas Culturais. Também tem o chefe do Departamento de Promoção de Eventos e o chefe do Setor de Decoração de Eventos.

Já na Subsecretaria de Gestão Ambiental tem o diretor-técnico de Parques e Jardins e o chefe do Departamento de Arborização Urbana. Há também o chefe do Departamento de Podas Urbanas e o chefe do Departamento de Manutenção de Áreas Verdes.

A reportagem fez contato com o secretário municipal de Cultura, Gustavo Rosado, que estava com o celular desligado no momento do contato.

*Jornal O Mossoroense

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