Nos últimos dias os membros da administração Fafá Rosado (DEM) têm comemorado o fato de Mossoró estar entre as 100 melhores cidades brasileiras para se fazer carreira divulgada pela revista Exame. Ano passado foi feita bastante publicidade para propagar a reportagem da revista Veja que incluiu a cidade como a "Metrópole do Futuro".
No entanto, a administração municipal não tem tomado o devido cuidado para incluir a população carente nesse crescimento econômico. Pelo menos é o que mostram os números do Portal da Transparência no site da Prefeitura de Mossoró.
O item "Qualificação para Trabalho e Emprego" movimentou apenas R$ 19.786 entre janeiro e julho deste ano, que somados aos R$ 12 mil item "Qualificação de mão de obra Direcionado para o Trabalho no Setor Petrolífero", chega a R$ 31.786.
Já com comunicação foram gastos R$ 3.444.070, cem vezes mais do que com propaganda.
A Prefeitura de Mossoró também gastou ao longo de 2011 mais com panfletagem do que com qualificação profissional. Só Maria de Lourdes Fernandes Queiroz recebeu em abril R$ 98.400 pelo serviço. Já a rubrica destinada para "Empresa de Serviços de Distribuição de Informativos à População Mossoroense" recebeu R$ 49.200 para o mesmo serviço. No mesmo mês.
A Gerência de Esporte e Lazer, que se encontra sem titular há quase um ano, poderia ter papel importante na inclusão social. No entanto, ela movimentou apenas R$ 238.789 nos primeiros meses do ano. O mesmo vale para os conselhos tutelares, que movimentaram apenas R$ 17.300.
Já o item "Apoio ao Homem do Campo" recebeu apenas R$ 111 mil, pouco mais do que os R$ 96.118 gastos com diárias entre janeiro e julho.
Uma forma de gerar empregos para o setor privado é o apoio com infraestrutura. No entanto, a carcinicultura, fruticultura e produção de sal há anos lutam pela construção de estradas vicinais. A Prefeitura disponibilizou R$ 293.467 ao longo deste ano. Isso é menos de dez vezes o valor gasto com propaganda ao longo deste ano.
Diante dos números disponilizados no Portal da Transparência da Prefeitura, que aponta um investimento maior em publicidade em detrimento da qualificação de mão de obra, a reportagem do jornal O Mossoroense procurou, através do telefone celular, por diversas vezes, a secretária municipal de Planejamento, Orçamento e Finanças, Jacqueline Amaral, para saber quais os critérios usados para distribuição do Orçamento em cada secretaria. No entanto, ela não atendeu a reportagem em nenhuma das tentativas.
A reportagem também procurou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Nilson Brasil, para saber sua opinião sobre o assunto. Todavia, ele informou à reportagem que não estava a par dos números.
Recursos excessivos com publicidade tornam a mídia submissa
O resultado do excesso de gastos com comunicação da Prefeitura de Mossoró é a submissão editorial de mais de 90% dos veículos de comunicação da cidade.
Praticamente todas as empresas seguem fielmente as orientações do Palácio da Resistência, omitindo o que desagrada, publicando o que interessa e divulgando, se for o caso, informações "fabricadas" geralmente contra adversários políticos.
A prova disso foi o caso do processo movido contra o vereador Lairinho Rosado (PSB) e o então comandante do Departamento de Polícia Rodoviária (DPRE) capital (agora major) Alessandro Gomes. Quando o assunto veio à tona, ambos foram acusados de usar a estrutura da Polícia de Trânsito para comprar votos. Na época o assunto teve grande repercussão na mídia atendida pela verba publicitária da Prefeitura. Quando a Polícia Federal constatou que as gravações usadas como provas eram fraudulentas e a perícia foi endossada pelo Ministério Público, o assunto caiu no esquecimento. A absolvição de Lairinho Rosado na Justiça Eleitoral em duas instâncias também foi praticamente ignorada.
Os investimentos em comunicação são feitos sem transparência e critério técnico. As licitações são feitas apenas para contratar as agências de publicidades que são responsáveis pela distribuição dos recursos para os veículos. Mesmo assim sempre vencem as mesmas empresas.
A escolha dos veículos de comunicação não são feitas com base em critérios como audiência (rádios e Tvs) e tiragem (no caso da mídia impressa).
Já a 93 FM, emissora de rádio com maior audiência da cidade, e o jornal O Mossoroense, com a maior tiragem de Mossoró, são excluídos da verba publicitária da Prefeitura.
Em junho deste ano, às vésperas do Mossoró Cidade Junina, o chefe de gabinete do Palácio da Resistência Gustavo Rosado foi taxativo ao justificar a decisão de proibir a TV Mossoró, emissora também excluída do bolo publicitário, de transmitir o evento sob a alegação de que "não tinha interesse em fortalecer a TV Mossoró".
*Retirado do Jornal O Mossoroense / Bruno Barreto
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