Apesar da grande quantidade de informações que as pessoas recebem todos os dias, cresce em Mossoró o número de portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). De acordo com dados fornecidos pelo Hospital Regional Rafael Fernandes (HRRF), em 1993 eram registrados na cidade 41 casos. Atualmente, dos 73 casos que surgiram na unidade de saúde em 2011, 40 deles eram de pessoas que residiam na cidade.
De acordo com a presidenta do 'Grupo Aprendendo a Viver Positivamente' (GAV+), Conceição Paz, o que se percebe é que o número de casos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) tem crescido na região, e o que se verifica é a redução da idade dessas pessoas. "Grande parte das pessoas que recebíamos nas reuniões eram do sexo masculino. No entanto, as mulheres se fazem cada vez mais frequentes, chegando a equiparar-se ao número de homens. O que percebemos também foi a redução da idade dessas pessoas", disse Conceição.
Um desses exemplos é o paciente José do Seni de Lima, 32 anos, mais conhecido como Dulce, que há dois meses descobriu que é soropositivo. "Há algum tempo vinha apresentando alguns sintomas, tais como perda de peso, queda de cabelo, febre, dores de cabeça. Foi quando meu parceiro levantou uma suspeita e resolveu me trazer ao Rafael Fernandes para fazer o teste rápido de HIV. Fiquei arrasado quando soube da notícia", disse Dulce.
O paciente alegou que apesar de todas as informações adquiridas na mídia e nas campanhas desenvolvidas pela cidade, não se prevenia quando mantinha relações sexuais. "Eu não vou mentir e dizer que me prevenia, que o que aconteceu foi apenas um descuido, porque não foi. Hoje vejo a importância da prevenção", finalizou "Dulce".
Especialistas alegam que o aumento dos casos, principalmente entre jovens entre 20 e 49 anos, acontece principalmente pela falta de campanhas de conscientização e prevenção. "O que nós temos são campanhas em datas pontuais como no carnaval, e elas precisam ser mais frequentes e direcionadas para cada faixa etária", dizem os especialistas.
A paciente Maria Auxiliadora diz que as medidas tomadas pelos órgãos de saúde ainda são ínfimas. "Durante os carnavais, representantes das unidades de saúde distribuem três camisinhas para cada pessoa. Aqueles indivíduos que têm uma vida sexual ativa, em 4 ou 5 dias de carnaval utilizam bem mais do que o número de preservativos disponibilizados", disse Auxiliadora.
Ainda segundo o levantamento realizado pelo Hospital de Infectologia, os pacientes têm conhecimento tanto das formas de prevenção quanto de contágio, mas não as praticam. E isso acontece em todas as idades. Mesmo com as constantes campanhas, a falta de conscientização sobre os riscos da doença é apontada como uma das formas do aumento dos casos.
FAIXA ETÁRIA DOS PORTADORES DO HIV TEM DIMINUÍDO
O quadro geral da Aids no Brasil tem se modificado, e em Mossoró não é diferente. Dos 40 casos registrados, só no município, 31 deles diz respeito a jovens adultos entre 20 e 49 anos. Outro dado importante é que a doença também se feminilizou.
No início da epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) no Brasil, suas principais vítimas eram homens, na proporção de 26 para cada mulher. No decorrer dos anos houve mudança do perfil epidemiológico, que se feminilizou. Hoje o maior número de casos notificados está na faixa etária de adulto jovem e, devido ao longo tempo de latência do vírus HIV, a contaminação deve ter ocorrido na adolescência. Na atualidade, a proporção de infectados entre homens e mulheres já se inverteu entre os mais jovens. Para cada 10 moças acometidas têm-se seis rapazes.
De acordo com representantes do Rafael Fernandes, a maior preocupação é em relação ao aumento de casos registrados na faixa etária dos 20 aos 49 anos. Ou seja, mesmo com todas as campanhas os jovens não têm se cuidado em relação à doença. Esses dados preocupam as autoridades que já começam a agir.
As pessoas devem estar atentas aos sinais para buscar ajuda, pois quanto mais cedo o tratamento começar, mais chances o soropositivo tem de melhorar a sua qualidade de vida. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre alta e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebido, dessa forma é importante que as pessoas que transaram sem camisinha devem procurar uma das unidades da rede pública de saúde. O teste rápido para detectar o vírus é feito de forma anônima e é gratuito.
*Jornal O Mossoroense
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