segunda-feira, 18 de junho de 2012

Agricultura orgânica: opção sustentável



A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio + 20, que acontece até a próxima sexta-feira, 22, volta a chamar a atenção sobre a necessidade de adotar posturas que unam economia à preservação do meio ambiente.
Apesar dos avanços em pesquisas, por parte das nações desenvolvidas, para o Rio + 20, a perspectiva é de que os países subdesenvolvidos apresentem mais propostas relacionadas ao tema, segundo a opinião do consultor de Agricultura Orgânica e Dinâmica Roberto Brígido, que também presta consultoria ao Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (SEBRAE).
Ele, que também é professor aposentado da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), comenta que a questão da emissão de gases para o meio ambiente e os aumentos de temperatura que essa emissão deve causar vem sendo bastante debatida.
Segundo o consultor, existe um trabalho que deve ser desenvolvido a fim de que o aumento da temperatura até o ano de 2050 não ultrapasse os dois graus. Caso esse aumento supere o limite estipulado, haverá desequilíbrio generalizado.
Para que isto aconteça, é preciso preservar nossas matas e vegetação e partir para um nível de manejo na agricultura que respeite a natureza, técnicas que podem ser encontradas na agroecologia.
Uma delas é a agricultura orgânica. Roberto Brígido explica que as vantagens da agricultura orgânica beneficiam, primeiramente, os produtores, pois quando eles manejam organicamente não fazem uso de adubo sintético e nem de veneno, sem falar que movimentam pouco o meio ambiente. "Os danos são mínimos em relação à questão", argumenta.
O segundo grupo contemplado é o de consumidores. "São bem mais saudáveis", informa Roberto Brígido, acrescentando que os alimentos possuem mais nutrientes, não fazem mal à saúde e, quando levada em consideração a questão do custo benefício, ainda são mais econômicos do que os demais produtos.
Por fim, o meio ambiente também é beneficiado. Isso porque, segundo o consultor, este tipo de agricultura não se desenvolve à custa do desmatamento e movimenta pouco o solo, porque mantém a cobertura verde, o que diminui a emissão de gases. "Você trabalha como se você fosse imitar a natureza", explica.
Outro grande benefício para o meio ambiente e para os produtores é a economia de água. Como a agricultura orgânica mantém a terra sempre coberta, a água evapora menos, reduzindo a necessidade de consumo. O consultor diz que o trabalho não consiste em um meio de combate à seca, mas permite que, com uma menor quantidade de água, posa haver melhor aproveitamento.
Mais do que uma alternativa, a agricultura orgânica é uma necessidade, segundo comenta o próprio consultor: "A necessidade é de uma das coisas mais importantes hoje em dia para a humanidade, que é a alimentação saudável". Ele lembra que a maior parte das doenças que acometem as pessoas na atualidade está relacionada à alimentação, seja pela quantidade ou pela qualidade inadequada. Para ele, se todas as pessoas tivessem a oportunidade de ingerir apenas alimentos orgânicos, as doenças diminuiriam consideravelmente. "Quando você trabalha com agricultura orgânica, você está colocando na mesa das pessoas um produto de qualidade", reforça.
A agricultura orgânica, no entanto, ainda é uma prática predominante apenas entre os pequenos produtores. "Os pequenos produtores detêm em torno de 70% a 80% da agricultura orgânica no Brasil", informa Roberto Brígido.
Porém, ele acrescenta que isso não significa que os grandes produtores não trabalhem organicamente e dá uma boa notícia. No Brasil, já existem grandes produtores que adotam a prática, alguns deles localizados na própria região Nordeste. A maior parte desta produção é destinada à exportação.
A adesão por parte desse grupo ocorre porque a prática também possibilita uma produção em longa escala, sem que haja prejuízos. "É possível sim", enfatiza o consultor.

DO CONVENCIONAL AO ORGÂNICO - A transição da produção convencional para a agricultura orgânica obedece a normas que variam de acordo com a legislação de cada país. Roberto Brígido explica que é necessário um período de transição, chamado de tempo de conversão, período necessário para que a terra se desintoxique, se livrando das práticas atuais. No Brasil, este tempo é de, em média, um ano e meio. Mas enquanto isso, os produtores podem dar continuidade aos seus trabalhos na agricultura, o que impede que sofram prejuízos econômicos.
De acordo com o consultor, eles continuam produzindo no mesmo local, sendo que passam a manusear o solo organicamente. Os produtos podem ser comercializados normalmente e o tempo que cada cultura leva para se desenvolver não é alterado com a mudança do método, mas eles só ganham o selo e a certificação de produto orgânico quando os critérios estabelecidos por lei forem alcançados. Isso porque, atualmente, para poder ser comercializado como produto orgânico o produto tem que possuir o selo do Ministério da Agricultura.
Em Mossoró, os produtos vendidos pela Associação dos Produtores e Produtoras da Feira Agroecológica de Mossoró (APROFAM) possuem a certificação. Eles são vendidos aos sábados, na lateral do Museu.

*Jornal Gazeta do Oeste

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