Os anestesiologistas vinculados à Clínica de Anestesiologia
de Mossoró (CAM) e que prestam serviços por meio de contrato à Prefeitura
Municipal estão suspendendo os atendimentos de cirurgias eletivas no Centro de
Oncologia e Hematologia de Mossoró (COHM), no Hospital Wilson Rosado e no
Hospital e Maternidade Almeida Castro. O motivo da suspensão é o atraso no
pagamento dos serviços há quase 90 dias.
Além das cirurgias, exames que necessitam de anestesia
também serão suspensos. De acordo com o presidente da CAM, anestesista Ronaldo
Fixina, a situação está insustentável e não há nenhum avanço nas negociações, o
que levou os médicos a optarem pela paralisação até que o pagamento da dívida
seja efetuado. “A decisão inicial era de que iríamos apenas reduzir a
quantidade de atendimentos de alta complexidade, no entanto como a dívida
referente aos atendimentos de baixa e média complexidade também está no mesmo
patamar, infelizmente tivemos que tomar uma atitude mais drástica e suspender
tudo por tempo indeterminado até que a Prefeitura efetue o pagamento”, afirma o
médico.
A CAM tem mais de 13 médicos disponíveis para realizar os
atendimentos cujo pagamento é de responsabilidade da Prefeitura. “Somente na
terça-feira passada, onze cirurgias deixaram de ser feitas no Centro de
Oncologia, e a situação vai ficar ainda pior se o pagamento não for feito.
Quanto mais dias se passarem sem a realização dos procedimentos, maior será a
fila de espera e o que nos preocupa é que o paciente é prejudicado, tem o seu
quadro antes eletivo com evolução para uma coisa mais grave, uma emergência.
Tudo isso só está acontecendo por falta de compromisso por parte da gestão”,
diz.
Na tarde de ontem, a direção da CAM participou de uma
reunião com representantes da Secretaria de Saúde, mas o impasse não foi
resolvido. “Não mudou em nada. Todas as cirurgias eletivas estão suspensas,
inclusive da oncologia, sem nenhuma possibilidade de retorno”, informa Fixina.
Segundo ele, durante o encontro, representantes da
Secretaria abordaram dificuldades que vem sendo enfrentadas. “Para dizer que
existem dificuldades financeiras, que o país está enfrentando uma crise, mas a
gente mora em Mossoró, paga o imposto aqui e quero discutir os meus problemas”,
diz Fixina.
O médico admite a necessidade de envolvimento político para
resolver a questão, mas diz que a solução financeira não cabe aos
anestesiologistas. O presidente da CAM teme ainda a possibilidade de saída de
alguns profissionais da área da cidade. “Três anestesiologistas de Mossoró já
estão iniciando plantões em Natal”, afirma.
“A gente lamenta muito, a gente quer colaborar, mas não tem
a contrapartida”, diz Ronaldo Fixina. “A gente pede a compreensão da população
e o discernimento do gestor”, complementa.
*Fonte: Jornal Gazeta do Oeste
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