segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Ser menor força a fazer o melhor? – Artigo - Milton Marques

O nosso Rafael Bruno Fernandes de Negreiros, que escreveu memoráveis artigos por mais de 20 anos em jornais da nossa cidade, sempre foi convidado para publicar noutros órgãos fora de Mossoró, nunca aceitou, se vivo fosse hoje, diante dessa situação em que se encontra o nosso município, recebendo pouquíssimas obras públicas nos últimos cinco anos, certamente abriria o verbo ao seu estilo, cobrando dos nossos governantes tratamento enérgico e igualitário, principalmente comparando com os enormes bens que Natal tem recebido enquanto o interior, particularmente Mossoró, quase nada. 


PREFERÊNCIA
Normal que Natal seja privilegiada, até porque é a capital do Estado, merece tratamento diferenciado sim, mas não tanto ao ponto de tudo ser convergido para lá, como se tivesse que se confirmar a profecia secular de que o Estado termina na Reta Tabajara. Vejamos apenas três exemplos rápidos, de obras realizadas com os recursos de todos os potiguares, mas que foram aplicados, sobretudo, na capital. 

AEROPORTOS
Natal, basicamente esnobou em relação a aeroportos. Mesmo já contando com um excelente aeródromo, o de Parnamirim, considerado o segundo melhor do país, decidiu investir em um outro bem mais caro e nem por isso mais útil, pelo menos até o momento. Lá foram investidos em torno de R$ 650 milhões, mas permanece ainda não concluído, sem acesso ideal, localizado em São Gonçalo do Amarante, portanto, relativamente distante da zona hoteleira e centro urbano da capital. Resultado, não havendo movimento de cargas e de passageiros para os dois aeroportos, logo um teve que ser desativado e sendo assim o aeroproto de Parnamirim acha-se hoje totalmente ocioso. Luxo ou erro mesmo?

EM MOSSORÓ
Enquanto isso, o Aeroporto Dix-sept Rosado, em Mossoró, há vários anos vem sem funcionar com voos comerciais e as solicitações para correção já foram feitas reiteradas vezes por vários segmentos representativos da cidade, tendo a comunidade mossoroense recebido como resposta muitas promessas, compromissos, garantias, discursos aplaudidíssimos, mas no final, concreto mesmo, nada, absolutamente nada como solução. E não é por falta de apelo. 

FALTOU INICIATIVA?
Mais ainda, ressaltar que a solução para o Dix-sept Rosado não requer grande investimento financeiro, comparado ao que foi aplicado no Aeroporto Aluízio Alves. Terá havido cochilo dos nossos senadores, deputados, governadores, já que a deficiência do Dix-sept Rosado em Mossoró vem há anos, ninguém haver se lembrado ou não haver tido a iniciativa de sugerir, no devido momento da decisão sobre o Aluízio Alves, através de empréstimos, incluir pelo menos uma pequena fração desse enorme montante, quase R$ 700 milhões ou provocar um novo para ser aplicado no interior? No Nordeste, o RN é o único Estado sem voos comerciais em cidades do interior. Isso trava o desenvolvimento.

ESTÁDIOS DE FUTEBOL
Um segundo exemplo é em relação aos estádios de futebol. Natal chegou ao ponto de derrubar um estádio catalogado entre as obras de arte do Nordeste, o Machadão, e no mesmo local erigir outra obra, sem dúvida, também bonita, mas caríssima, o Arena das Dunas, para ter os mesmos fins que o “Machadão”, pois aquela história de lojas a serem instaladas, shoppings e até hotéis de luxo no local, não passou de discurso para ludibriar jornalistas. Um Estado pequeno do Nordeste como o RN gastar R$ 423 milhões num campo de futebol, em que terá de pagar em prestações de R$ 10.9 milhões por mês, (já iniciou) dívida financiada em 20 anos com a OAS, adquirido junto ao BNDES, implicando dizer que daqui há 3 décadas quando a despesa finalmente for encerrada terão sido pagos aproximadamente R$ 1.4 bilhões a construtora baiana, esse é ou não é um comportamento boêmio, gente? – números colhido do Novo Jornal, Thiago Meneses, edição de 9.11.14, p. 12). 

“NOGUEIRÃO” DE MOSSORÓ 
Distante fica Mossoró que tem o Leonardo Nogueira, único da cidade, com 50% de suas modestas arquibancadas interditadas pelo Corpo de Bombeiros, por completa insegurança, prestes a cair, acomodações e vestiários para os atletas em desconfortáveis condições, alguns jogos dos times da cidade sendo realizados em outras localidades e pior, sem perspectiva real de solução a curto prazo. A Prefeitura atual atenuou um pouco o problema, mas não há ainda solução definitiva. Será que na hora da negociação contraindo uma dívida tão acentuada para o Arena das Dunas, não caberia as lideranças do Estado haver insistido para que pelo menos uma pequena fração ou acréscimo por outro empréstimo fosse feito para beneficiar o interior? 

OUTRAS FALTAS
Um terceiro exemplo, são as obras públicas que poderão ou não vir para Mossoró. Nos últimos cinco anos, se não fosse a construção da duplicação da via Mossoró/Tibau, feito pela governadora Rosalba Ciarlini, o histórico de obras públicas do Estado, em Mossoró, teria sido zero. Em parte temos culpa, por exemplo, o Complexo Viário da Abolição começou errado na própria prancheta e foi feito em Mossoró. A obra está cheia de erros, principalmente em relação aos viadutos, onde o de número 2 passa por uma nova etapa de serviço há mais de um ano e o de número 5, na saída para Natal, será o último liberado por absoluto descumprimento as leis de segurança de tráfego. Incrível, inacreditável, mas é a verdade. 

HORROROSOS
Isso sem falar na feiura. Os viadutos ficaram um monstrengo na Avenida Wilson Rosado, uma das mais prósperas e belas avenidas que tinha sido projetada para ser no futuro um dos cartões-postais da cidade. E custou uma nota, segundo o suplemento Domingo, do Jornal De Fato, de 4.1.15, p. 7: “A princípio a obra foi orçada em R$ 72 milhões, mas o governo do Estado recebeu aditivo de R$ 15 milhões, conforme foi anunciado por Kátia Pinto em agosto de 2013, totalizando R$ 87 milhões”. Fizessem apenas 3 viadutos em vez de 5, contanto fossem modernos, com pilotis, mais leves. Os demais num segundo tempo, noutra oportunidade. 

OUTRO EXEMPLO
O RN Sustentável, empréstimo feito de R$ 850 milhões para ser aplicado agora no Estado. Pela relação aprovada na Assembleia Legislativa, o município de Mossoró ficou com muito pouco. Pode ser que o prefeito Silveira Júnior consiga mais alguns trocados, mas pelo que foi publicado, Mossoró continuará no couro. Preocupa, porque se com todos nossos parlamentares em ação, incluindo uma governadora, dois deputados federais, dois deputados estaduais e outros, Mossoró não conquistou o esperado em cinco anos, imagine agora praticamente com apenas dois neófitos, Betinho e Souzinha de Areia Branca? Ou isso não influirá em nada? Quem sabe ser menor força a fazer o melhor? Precisa de muita fé.

*Fonte: Jornal Gazeta do Oeste

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Nota do Blog


Lemos o artigo do professor Milton Marques de Medeiros, publicado neste domingo no jornal Gazeta do Oeste, e concordamos com seu posicionamento. É preciso que haja mais investimentos em Mossoró, a fim de potencializar o desenvolvimento na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. 

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