AIDS: Preconceito dificulta diagnóstico e reduz expectativa de vida de pacientes

Ser diagnosticado com qualquer tipo de doença não é uma notícia agradável para ninguém. Quando esta doença tem as consequências e características tão nocivas e complicadas quanto à Aids, a reação é ainda mais devastadora. Em Mossoró, as dificuldades para realização de exames de HIV (Human Immunodeficiency Virus) e os constrangimentos ocasionados pela mistificação e preconceito em relação à doença dificultam e atrasam o diagnóstico, encurtando a vida de muitos pacientes.

O médico infectologista Alfredo Passalaqua, que atua no Hospital Regional Rafael Fernandes, que é referência no tratamento da Aids, confirma que o constrangimento e a exposição causados pela realização do exame, afasta muitas pessoas dos hospitais e que isso diminui a expectativa de vida de pacientes.

"A exclusão social causada pela repulsa que essa doença causa na sociedade, faz com que muitas pessoas não façam os exames e piorem seu quadro clínico. Conheço casos de mossoroenses com maior poder aquisitivo que vão a Natal, Fortaleza ou Recife para realizar exames que poderiam ser feitos aqui, unicamente para não expor. Pessoas que jamais me procurariam em Mossoró, somente para não terem seus nomes relacionadas à doença", conta Passalaqua.

O infectologista explica que em todos os hospitais em que ele atua é realizado um intenso trabalho ético para evitar que informações pessoais sejam divulgadas, criando constrangimento para os pacientes.

A assistente social do Hospital Regional Rafael Fernandes, Arlene Rêgo, comenta que realizar exames para comprovação do vírus HIV em Mossoró é muito mais fácil do que se imagina. Ela destaca que o trabalho de diagnóstico da doença leva menos de 30 minutos e pode ser feito gratuitamente.

"Hoje no Laboratório Regional de Mossoró (Larem) e no Centro Clínico Professor Vingt-un Rosado, o PAM do Bom Jardim, os exames para diagnóstico do HIV podem ser feitos todos os dias gratuitamente, pela manhã e à tarde. Não se faz necessário agendar nada, nem ir em jejum ou pegar fichas como na realização de outros exames, o único pedido é que seja levado um documento com foto e a carteirinha do Sistema Único de Saúde (SUS)", explicou a assistente social, lembrando que caso o resultado seja positivo, o paciente é encaminhado automaticamente para o Rafael Fernandes, onde os encaminhamentos burocráticos para o tratamento serão realizados.

Mossoró: Mais de 800 pessoas possui o vírus HIV

De acordo com dados do Hospital Regional Rafael Fernandes, Mossoró possui mais de 800 pessoas diagnosticadas com o vírus HIV. Somente este ano, 90 novos pacientes foram detectados na cidade.

O balanço divulgado pelo hospital constata que desde 2007 até hoje foram identificados 808 pacientes contaminados com o vírus HIV, a grande maioria deles (587), já com Aids. O maior número de infectados são homens, com 354 casos, 54 só em 2014.

*Com informações Jornal O Mossoroense