segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Órgãos públicos são alvos de assaltos e arrombamentos



A violência em Mossoró continua fazendo vítimas e ninguém está livre de ser alvo. A falta de segurança, resultado de muitos fatores que inclui falta de policiamento e de políticas públicas voltadas para o setor, vem contribuindo para um quadro ainda mais crítico e em muitas situações, chega a parecer fora de controle.

Um exemplo disso é o número alto de Boletins de Ocorrência (BOs) registrados pelas direções das unidades básicas de saúde (UBSs) de Mossoró referentes a assaltos, arrombamentos e furtos, que reflete a falta de estrutura e de investimentos e prevenção e combate. Baseada nestes números, a reportagem do jornal GAZETA DO OESTE entrevistou profissionais que trabalham em várias unidades de Saúde na zona urbana de Mossoró e constatou uma situação de medo e insegurança compartilhada por todos.

Todas as UBS visitadas pela reportagem, nos bairros: Ilha de Santa Luzia, Belo Horizonte, Quixabeirinha e Barrocas foram alvos de algum tipo de violência. A reportagem encontrou casos de funcionários que chegam a ser reféns de bandidos que residem no mesmo bairro da unidade e são praticamente obrigados a fornecer material de curativos e medicamentos sob pena de sofrerem algum tipo de violência. “Quando chega alguém aqui baleado e pede material de curativo fornecemos porque não podemos negar ou então corremos riscos”. A declaração é de uma funcionária que terá a identidade preservada, que trabalha na Unidade Básica de Saúde (UBS) Doutor Sueldo Câmara, no bairro Quixabeirinha.

Segundo outra funcionária da unidade do bairro Quixabeirinha, em um determinado dia, um médico que da UBS foi alvo de um bandido armado e ficou refém dentro do consultório até que o ladrão pegasse dele (o médico) todos os seus pertences. “Depois dessa situação o médico pediu transferência para outra unidade”, ressaltou a funcionária.

ARROMBAMENTO EM SÉRIE

Outro caso que chamou a atenção da reportagem foi o número de arrombamentos ocorridos e registrados em boletins de ocorrência na Delegacia Especializada de Furtos e Roubos (DEFUR), na Unidade Básica de Saúde (UBS) Sinharinha Borges, localizada no bairro Barrocas. Segundo informações fornecidas por uma funcionária, que também ficará no anonimato, de setembro até a sexta-feira, 28 deste mês, foram registrados oito arrombamentos. “Eles (os arrombadores) encontram facilidade para entrar porque existe uma área de sol que favorece o acesso”, explicou.

Na UBS Marcos Raimundo Costa, localizada no bairro Belo Horizonte, a situação é semelhante. A unidade já foi arrombada e teve objetos furtados. Recentemente vândalos quebraram, a pedradas, a porta de vidro na entrada da unidade. “A gente trabalha com medo e tem colegas aqui que estacionam seus veículos em outras ruas com medo de serem roubados. Nós também evitamos trazer bolsas para o trabalho”, detalhou uma funcionária da UBS do Belo Horizonte.

REFÉNS

O mais recente caso de violência em unidades de saúde de Mossoró foi registrado a pouco mais de uma semana na UBS do bairro Ilha de Santa Luzia, onde seis funcionárias foram feitas reféns de uma dupla armada de revólver. Na ocasião os dois ladrões levaram objetos, celulares e dinheiro das funcionárias.

Segundo uma funcionária da unidade, os ladrões aparentavam ser menores de idade. “Era 16h50 da tarde quando estávamos aqui na unidade aguardando o momento de fechar quando eles chegaram em uma moto, pararam na frente da unidade e já entraram anunciando um assalto. Nos levaram para uma sala e um deles ficou nos fazendo reféns enquanto o outro procurava por objetos de valor. Foi tudo muito rápido e depois eles fugiram”, relatou.

Em todas as unidades visitadas pela reportagem os funcionários citaram que o dia de sexta-feira é considerado o de maior receio. A revelação se refere ao fato de ser um dia em que não acontecem consultas e são realizadas apenas marcações e serviços mais burocráticos. Todos os entrevistados ressaltaram que na sexta-feira existe uma torcida para que o tempo passe mais rápido.


*Fonte: Sayonara Amorim – Gazeta do Oeste

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