A violência em Mossoró continua fazendo vítimas e
ninguém está livre de ser alvo. A falta de segurança, resultado de muitos
fatores que inclui falta de policiamento e de políticas públicas voltadas para
o setor, vem contribuindo para um quadro ainda mais crítico e em muitas
situações, chega a parecer fora de controle.
Um exemplo disso é o número alto de Boletins de
Ocorrência (BOs) registrados pelas direções das unidades básicas de saúde
(UBSs) de Mossoró referentes a assaltos, arrombamentos e furtos, que reflete a
falta de estrutura e de investimentos e prevenção e combate. Baseada nestes
números, a reportagem do jornal GAZETA DO OESTE entrevistou profissionais que
trabalham em várias unidades de Saúde na zona urbana de Mossoró e constatou uma
situação de medo e insegurança compartilhada por todos.
Todas as UBS visitadas pela reportagem, nos bairros:
Ilha de Santa Luzia, Belo Horizonte, Quixabeirinha e Barrocas foram alvos de
algum tipo de violência. A reportagem encontrou casos de funcionários que
chegam a ser reféns de bandidos que residem no mesmo bairro da unidade e são
praticamente obrigados a fornecer material de curativos e medicamentos sob pena
de sofrerem algum tipo de violência. “Quando chega alguém aqui baleado e pede
material de curativo fornecemos porque não podemos negar ou então corremos
riscos”. A declaração é de uma funcionária que terá a identidade preservada,
que trabalha na Unidade Básica de Saúde (UBS) Doutor Sueldo Câmara, no bairro
Quixabeirinha.
Segundo outra funcionária da unidade do bairro
Quixabeirinha, em um determinado dia, um médico que da UBS foi alvo de um
bandido armado e ficou refém dentro do consultório até que o ladrão pegasse
dele (o médico) todos os seus pertences. “Depois dessa situação o médico pediu
transferência para outra unidade”, ressaltou a funcionária.
ARROMBAMENTO EM SÉRIE
Outro caso que chamou a atenção da reportagem foi o
número de arrombamentos ocorridos e registrados em boletins de ocorrência na
Delegacia Especializada de Furtos e Roubos (DEFUR), na Unidade Básica de Saúde
(UBS) Sinharinha Borges, localizada no bairro Barrocas. Segundo informações
fornecidas por uma funcionária, que também ficará no anonimato, de setembro até
a sexta-feira, 28 deste mês, foram registrados oito arrombamentos. “Eles (os
arrombadores) encontram facilidade para entrar porque existe uma área de sol
que favorece o acesso”, explicou.
Na UBS Marcos Raimundo Costa, localizada no bairro
Belo Horizonte, a situação é semelhante. A unidade já foi arrombada e teve
objetos furtados. Recentemente vândalos quebraram, a pedradas, a porta de vidro
na entrada da unidade. “A gente trabalha com medo e tem colegas aqui que
estacionam seus veículos em outras ruas com medo de serem roubados. Nós também
evitamos trazer bolsas para o trabalho”, detalhou uma funcionária da UBS do
Belo Horizonte.
REFÉNS
O mais recente caso de violência em unidades de
saúde de Mossoró foi registrado a pouco mais de uma semana na UBS do bairro
Ilha de Santa Luzia, onde seis funcionárias foram feitas reféns de uma dupla
armada de revólver. Na ocasião os dois ladrões levaram objetos, celulares e
dinheiro das funcionárias.
Segundo uma funcionária da unidade, os ladrões
aparentavam ser menores de idade. “Era 16h50 da tarde quando estávamos aqui na
unidade aguardando o momento de fechar quando eles chegaram em uma moto,
pararam na frente da unidade e já entraram anunciando um assalto. Nos levaram
para uma sala e um deles ficou nos fazendo reféns enquanto o outro procurava
por objetos de valor. Foi tudo muito rápido e depois eles fugiram”, relatou.
Em todas as unidades visitadas pela reportagem os
funcionários citaram que o dia de sexta-feira é considerado o de maior receio.
A revelação se refere ao fato de ser um dia em que não acontecem consultas e
são realizadas apenas marcações e serviços mais burocráticos. Todos os
entrevistados ressaltaram que na sexta-feira existe uma torcida para que o
tempo passe mais rápido.
*Fonte: Sayonara Amorim – Gazeta do Oeste
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